sábado, 14 de fevereiro de 2009

Fonte Santa - Painéis dedicados a Nossa Senhora dos Prazeres










Mensagem nos painéis:




“ Nossa Senhora dos Prazeres aqui aparecida protegeu as pessoas da Ribeira de Alcântara durante a Peste Negra no ano 1599.

Homenagem da Junta de Freguesia da Estrela e da Paróquia de Nª Sª dos Prazeres – 2017 “




NOSSA SENHORA DOS PRAZERES

Em 1389 D. Nuno Álvares Pereira consagrou-lhe um altar no Convento do Carmo;

Em 1480 já se celebrava a sua festa no dia 8 de Abril, ou no Domingo de Pascoela;

Em 1536 o Calendário da Sé já referia a sua festa.

Citando o capítulo “ No Coração da Cidade” do diretor do departamento de Património histórico e Artístico da Diocese de Beja – José António Falcão – na página 15, no livro “ A IGREJA DE NOSSA SENHORA DOS PRAZERES EM BEJA – ARTE E HISTÓRIA DE UM ESPAÇO BARROCO ” (1672-1698) lê-se:

“Esta devoção teve significativo incremento em meados do séc XVI, mercê de um acontecimento milagroso que provocaria grande comoção. Junto à Fonte de uma quinta do vale de Alcântara, no termo de Lisboa, foi encontrada uma imagem de Maria, que comunicou virtudes curativas à água deste manancial. Na mesma ocasião a própria Virgem apareceu a uma menina, indicando-lhe que dissesse aos pais e vizinhos para erguerem aí uma capela em Sua honra. Construída a ermida e posta no altar a dita imagem, começaram os milagres, atraindo ao local inúmeros devotos. O fenómeno despertou um intenso surto devocional e em vários pontos do país surgiram, quase sempre por iniciativa espontânea dos fiéis, Igrejas e Capelas sob a mesma invocação.”




Execução dos Painéis:




Coordenação- Ricardo Rodrigues

Design e ilustrações iniciais – Nuno Quaresma

Pintura em Azulejaria – Lurdes Marialva e Carlos Armindo (Azulima)

Colocação: Junta de Freguesia da Estrela

Cartaz: Raquel Fragata







Artigo Junta de Freguesia da Estrela:






Procissão e Inauguração do Painel de Azulejos na Fonte Santa




A Fonte Santa é um local simbólico e histórico da Freguesia da Estrela. O seu nome deve-se à crença popular nas capacidades curativas da sua água, que surgiu devido ao aparecimento de uma imagem de Maria junto a esta fonte, há cinco séculos. A população venerou a Santa neste local, tendo utilizado a sua água para lavar feridas, beber água e lavar os olhos, ao longo dos últimos séculos.

No dia 23 de abril, a história e a crença foram impressas de uma forma especial, neste local de grande importância cultural e comunitária. O Painel de Azulejos desenvolvido num projeto da Paróquia de Nossa Senhora dos Prazeres com a Junta de Freguesia da Estrela foi inaugurado: um registo simbólico da história deste local marcante para a população da Freguesia. Neste domingo, os moradores assistiram à inauguração, que contou com a presença do Presidente da Junta de Freguesia da Estrela, Luís Newton, e participaram na procissão de homenagem à Nossa Senhora dos Prazeres.

Uma homenagem a um local de devoção e de crença, que uniu moradores, Igreja e a Junta de Freguesia, e que representa – e continuará a representar – um momento de enorme importância para a Comunidade local.






In:
https://www.jf-estrela.pt/procissao-e-inauguracao-do-painel-de-azulejos-na-fonte-santa/

Consultado a 11 de maio de 2017







Trabalho realizado ao serviço da Fundação Salesianos

A Fundação Salesianos fomenta a educação para a cidadania, a paz, a justiça, o bem comum e a educação ambiental.

Missão
Os principais objetivos da Fundação são: A educação e formação de jovens; A organização de centros escolares, atividades de tempos livres e atividades de campos de férias, bem como o apoio a crianças e jovens, nomeadamente aos mais carenciados, na obtenção de subsídios de estudo ou de alimentação e na orientação profissional; A colaboração com as famílias na educação integral das crianças, adolescentes e jovens, sensibilizando-os para os problemas e exigências do seu normal desenvolvimento e suprindo, quando necessário, as limitações e as incapacidades das famílias.

Descrição
Fundação Salesianos é uma fundação de solidariedade social, instituída pela Província Portuguesa da Sociedade Salesiana - Corporação Missionária, com o objetivo de educar, formar, proteger e promover em especial as crianças e os jovens, segundo os princípios da Fé Católica, inerentes aos ensinamentos do fundador da Congregação Salesiana, S. João Bosco.

Web site:
http://www.fundacao.salesianos.pt
Facebook:https://www.facebook.com/fundacaosalesianos

































 
 
 
 

 

Le Divan de Staline



O telemóvel toca… procuram alguém que faça desenhos figurativos, um simulacro de esboços num caderno diário, para um filme francês que está a ser filmado no Buçaco.

Sim, “Um Dia Perfeito” pode fazer isso acontecer.

N”Um Dia Perfeito” damos corpo a ideias como esta, a estes pedidos, a estes trabalhos.

No nosso coletivo aglutinamos pessoas habilitadas em várias áreas técnicas e artísticas para responder prontamente a estas e outras solicitações e para este trabalho são escolhidos três autores que trabalharão num conjunto alargado de propostas para seleção final: Ana Cabral Fina, Simão Mota Carneiro e Nuno Quaresma.

Depois de uma breve conversa telefónica fica marcado um encontro com a pessoa responsável pela direção de arte no filme que nos irá explicar mais concretamente o que é pretendido.

Trata-se de um filme francês, cujo produtor é Paulo Branco, a realizadora é Fanny Ardant e Gerard Depardieu será Estaline, a personagem principal, e parte das filmagens irão decorrer em Portugal, no Buçaco, no Palace Hotel Buçaco, durante o mês de Dezembro de 2015.

A acção gira em torno de uma residência secreta onde Estaline repousa por uns dias e onde um jovem pintor, Danilov, lhe vai apresentar um projeto artístico para um monumento póstumo à memória do ditador.

Forma-se um triângulo amoroso entre Estaline, a sua amante e o pintor.

Os desenhos pedidos constituem o caderno de esboços deste pintor e a pessoa retratada terá sido uma antiga paixão do mesmo. A personagem de Danilov terá sido inspirada em Aleksandr Deyneka (1899 - 1969), pintor, artista gráfico e escultor russo considerado um dos mais importantes artista figurativos do movimento modernista russo.

São-nos enviadas por correio electrónico as imagens, fotografias, de uma rapariga jovem, bonita, caracterizada para a época, para que seja desenhada como musa inspiradora de Danilov. É uma mulher de uma beleza emblemática, o que torna a empreitada mais desafiante e prazenteira.

Alguns desenhos serão rasgados e queimados nas primeiras cenas em que surge o caderno de esboços do pintor. É uma pena, para nós autores que investimos cada obra de uma singularidade irrepetível, mas uma ação compreensível e necessária para o desenrolar do enredo e construção da personagem.

Se esta narração dos acontecimentos lhe aguçou a curiosidade, sem revelarmos mais sobre a história, para que também não mitigue o seu interesse na obra final que só vive na tela de um cinema, deixamos aqui o link para o “teaser movie” de “Le Divan de Staline”, adaptação cinematográfica de Fanny Ardant do romance homónimo de Jean-Daniel Baltassat:

https://www.youtube.com/watch?v=HnxqRZyPx0M&t=6s



Para mais informações, visite-nos também em:

www.numdiaperfeito.com

A Paz




É o mais precioso legado que recebemos dos nossos pais, avós, e é a mais valiosa herança que, se o Mundo e os seus homens e mulheres bem gerirem os prementes e incontornáveis conflitos e desafios, deixaremos à nossa prole, aos nossos amados filhos.
Em casa propus aos meus Rapazes: - Vamos falar de Paz. O que é a Paz? Gostava que me desenhasses a Paz.

Passados 30 minutos, tinha uma dezena de trabalhos sobre a guerra, apontamentos imaginados e fragmentados, obras onde se vêm armas e balas, lanças e espadas, e tudo o mais que a cultura visual dos seus jovens olhares convocava justamente, porque em oposição, sobre o tema que ali lhes propunha.

Imagens inocentes, sem dúvida, mas retratos de conflitos, de violência ainda sem sinais de dor ou sofrimento mas também alheadas da empatia com o outro ou das iconografias associadas à Solidariedade ou ao Amor.

Foi nesta altura que, enrascado, pensei se teria sido sensato incluir o Museu do Exército e o Museu da Marinha no nosso tradicional itinerário de vadiagem por Lisboa, que já incluía o Museu dos Coches, o Museu da Eletricidade, o Museu de Arte Antiga, a Gulbenkian, o Jardim Zoológico, e o Museu de História Natural, com o seu Borboletário e todo o seu incrível manto de diversidade botânica.

Afinal, se tivesse ficado pelas borboletas, talvez não tivesse que atravessar esta angústia e estupefação de pedir uma coisa e receber o seu oposto.
Ou talvez não… A Arte é afinal o lugar privilegiado para a catarse e para a mais livre expressão, sobretudo do que é incomportável e inaceitável, noutro contexto senão o de uma folha de papel ou superfície de uma tela.

Suponho que os meus Filhos saibam mais do que aquilo que eu lhes ensino, pelo que achei aceitável a proposição de que estes desenhos não seriam enfim respostas fechadas ao desafio, mas antes perguntas abertas, aquelas que a sua saudável e insaciável curiosidade lhes suscitava, face à consciência que já têm sobre o Mundo em que vivemos.
Pensei e ocorreu-me uma alternativa.

- Vou reformular a minha proposta – disse-lhes.
- Está ok, aceito, vamos desenhar livremente, mas vamos falar de Paz, de como ela é preciosa e quão valiosa é a sua construção. Nesta nossa conversa pintarei também, em diálogo convosco.

Depois convidei algumas famílias para a mesma proposta criativa, com fim à reunião de um número incontável de obras.
Pedi ajuda para fazer uma seleção e convidei amigos e colegas para refletir sobre o produto da experiência.

“Vamos falar de Paz” é o título da mostra que agora se propõe.
Será uma seleção de obras de filhos em diálogo com as obras dos pais. O mote é o mesmo, os caminhos são diferentes e o destino confunde-se com os seus destinatários.

O destino somos todos nós. O destino são as nossas razões e corações, porque é com estes instrumentos que edificamos a nossa Humanidade e porque há conversas demasiado importantes que importam fazer, repetir, repercutir e perdurar.

“E a pomba voltou a ele à tarde; e eis, arrancada, uma folha de oliveira no seu bico”
Gênesis 8:11


Nuno Quaresma
25 de Abril de 2016

Totem & Tabu - Exposição Coletiva no Palácio Ribamar










Falos poderosos, proibições e a estrutura primeva do Humano.


Já era este o primeiro olhar sobre o tema, resultado na nossa profícua cultura ocidental, aberta e livre que cresceu nos últimos 100 anos quase tanto como toda a nossa espécie nos últimos 100 mil.


O olhar de uma cultura que conhece ou acede com facilidade à sua história, geografia, ciência e que em apenas um século refundou todas as suas organizações, culturas e crenças num processo imparável de globalização e normalização.


Pelo menos assim gostamos de acreditar.


Há pouco mais de 100 anos, em 1913 Sigmund Freud fazia uma apreciável contribuição à antropologia social publicando a obra “Totem e tabu, alguns Pontos de Concordância Entre a Vida mental dos Selvagens e dos Neuróticos”, onde constrói uma teoria psicanalítica em torno da origem da civilização.


Nesta obra Freud aborda o mito da Horda Primeva e da morte às mãos dos seus filhos do Pai Totêmico do qual extrai algumas hipóteses sobre a origem das nossas instituições sociais, culturais, morais e religiosas.


Pegámos no título da obra de Freud e decidimos colocar a nós próprios a seguinte questão:


Serão os nossos símbolos contemporâneos mais poderosos e importantes ainda influenciados ou dominados por este mito primordial?


Segundo este autor, totem e tabu é uma tentativa de explicar questões da psicologia social, relacionando o totemismo aos vestígios da infância, que procura nessa reflexão compreender a transição da organização dos Clãs Totêmicos para a organização atual da Família, e depois em diferentes graus, em Etnias, Nações ou Empresas.


O livro escolhe como um dos principais exemplos ilustrativos as tribos primitivas da Austrália onde à chegada dos europeus regia o sistema do totemismo (não existiam instituições sociais ou religiosas) com as características comuns da proibição de matar o animal totêmico e da exogamia e consequente proibição do incesto, tabu fundamental para a preservação de toda a comunidade.


Serão os tabus primordiais as poderosas origens da ética humana?


Freud aqui retoma a sua teoria a respeito do Complexo de Édipo na qual afirma que a primeira escolha amorosa da criança é incestuosa e desenvolve um pouco sobre o papel destas fixações iniciais da libido na construção da vida mental inconsciente.


“As mais antigas e importantes proibições ligadas aos tabus são as duas leis básicas sobre o totemismo: não matar o animal totêmico e evitar relações sexuais com os membros do clã totêmico do sexo oposto. Estes devem ser, então, os mais antigos e poderosos dos desejos humanos”.


Antes de avançarmos, é importante entender que “Tabu” é um termo que possui em si dois sentidos contraditórios: por um lado significa “Sagrado”, mas por outro “Proibido” ou “Perigoso”.


É assim suposição geral que o tabu é mais antigo que os deuses e remonta a um período anterior à existência de qualquer espécie de religião.


Na análise dos tabus dos povos primitivos, Freud constata ainda que estes não divergem de alguns costumes das nossas sociedades contemporâneas: restrições sobre o assassínio, restrições sobre a sexualidade, punições, atos de purificação, expiação e reconciliação, cerimónias, proteção dos líderes/ governantes, proteção em relação a estes, contato com os mortos e rituais funerários.


Define ainda três características principais para os tabus - o animismo (objetos inanimados são animados por espíritos, demónios ou alma); a magia (decorrente da necessidade de controle sobre o mundo, as suas forças e recursos através de rituais e atos obsessivos com caráter mágico); omnipotência dos pensamentos (crença nos desejos de forma desligada da realidade, narcisismo e indiferenciação entre ego e objeto) – e compara as diferentes conceptualizações do Homem em relação ao Universo com as fases do desenvolvimento libidinal: a animista correspondente com a Narcisista, a religiosa com a escolha do Objeto e a científica com a Maturidade (renuncia ao princípio do prazer e regresso ao primado da realidade/ mundo externo).


Como Autores também viajámos entre o princípio do prazer e o princípio da realidade?


Pintámos e navegámos nesta cartografia.


Em Totem e Tabu, com base no mito, é também afirmado que a religião totêmica teria surgido a partir do sentimento filial de culpa, “num esforço para mitigar esse sentimento e apaziguar o Pai por uma obediência a ele que fora adiada” e teria como finalidade impedir a repetição do ato que causara a destruição do Pai real.


Este remorso e em simultâneo triunfo sobre o Pai está, segundo Freud, ainda persistente nas religiões – sacrifício do animal totêmico, comunhão no corpo de Cristo – e o a ideia de Deus estabelecida, pelo remorso/ admiração, num Pai Glorificado que também afetaria as organizações sociais estabelecendo o seu modelo nas Famílias tradicionais de base patriarcal.


Desejo, Morte, Culpa e a tentativa de reconstrução desta ordem instituída pelo Pai Primordial, através de um totem, fálico, grande e poderoso, em torno do qual poderíamos encontrar e reconstruir a nossa identidade.


As obras aqui expostas não são totens, nem sinaléticas ou alertas consagrados aos nossos tabus.


Antes são expressão deste interessante conflito interno que ao longo dos tempos, desde as nossas origens imemoráveis, tem sido motor e fogo intrínseco do nosso próprio processo de Humanização.


Nuno Quaresma


Fevereiro de 2015


Bibliografia


Totem and Taboo: https://en.wikipedia.org/wiki/Totem_and_Taboo, consultado a 30 de Janeiro de 2016


“Totem und Tabu: Einige Übereinstimmungen im Seelenleben der Wilden und der Neurotiker” Sigmund Freud,  Beacon Press,1913


 


CONVITE


O Presidente da Câmara Municipal de Oeiras, Paulo Vistas, e os Autores do Coletivo Aka Arte/ Num dia Perfeito, tem a honra de convidar V.Exa. para a inauguração da Exposição de Artes Plásticas, Totem & Tabu de Nuno Quaresma, Pedro Afonso, Simão Carneiro e Teresa Rebotim, a realizar no dia 3 de Março, pelas 18h00, na Galeria Municipal Palácio Ribamar, em Algés.


Durante o decorrer da Exposição irão realizar-se workshops de artes plásticas para público infantil. Informações em www.numdiaperfeito.com


A exposição estará patente ao público de 4 a 20 de Março de 2016, de quarta a domingo, das 14h às 18h. 


Galeria Municipal Palácio Ribamar | Palácio Ribamar, Alameda Hermano Patrone, Algés | Tel. 21 411 14 04


Para confirmar presença visitem:



Uma antologia feita no aqui e no agora




Uma Antologia feita no aqui e no agora.

Uma retrospectiva vivida para além de si própria, no momento, no presente.

Foi este o espírito da inauguração desta mostra de artes plásticas e da apresentação do livro “Sonha com Lucy” de Tania Estrada Morales, com ilustrações da minha autoria, realizadas num esforço concertado e suportado também pelo grupo Aka Arte/ num dia perfeito.

As primeiras palavras deste livro foram contadas na voz das crianças presentes, numa pequena leitura que marcou simbolicamente a apresentação desta narrativa que conta a história de uma menina turca, inteligente, sensível, curiosa e generosa, representativa de todas as crianças da nossa geração, chamando ainda a atenção para o nosso papel na sua educação, saúde, liberdade e identidade.

Antologia foi assim o espaço para falar do papel da arte no quotidiano e na contemporaneidade, nos percursos que cada autor pode empreender em áreas como a literatura, a pedagogia e até economia, tudo isto sublinhado pelo otimismo e empreendedorismo destas doces e jovens vozes que nos deliciaram ao dar vida à palavra escrita que ali se lançava.

Deixo aqui um sentido agradecimento ao Marias do Açúcar que nos acolheu entre os seus doces, talentos e carisma, que emprestou a esta noite de verão de S. Martinho a magia das experiências inesquecíveis.


Nuno Quaresma

Novembro de 2015













ANTOLOGIA



























Marias do Açúcar é um lugar intimista, jovem, dinâmico, empenhado em transformar pequenas e grandes ideias em açúcar, e o repto foi irresistível.

Expor uma seleção, pequena mas de elevada qualidade, num local assim emblemático é um verdadeiro desafio e ANTOLOGIA foi a síntese escolhida para dialogar com os clientes e visitantes, num apelo ousado à razão, sensibilidade, gosto e sentidos.

ANTOLOGIA é uma história contada na primeira pessoa e versa sobre a última década, as suas mudanças e convulsões, sintetizada ora em obras críticas ora no desiderato possível, das emoções sentidas, numa iconografia com recurso à representação figurativa e tónica nos valores do Humanismo.

São seis peças reunidas não em forma de epístola fechada, mas antes como missiva aberta em que cada um dos espectadores pode convocar novas narrativas ou rejubilar em novas e inesperadas interpretações.

Temas como a Guerra, o Valor da Vida, a Coragem, o Belo, o Sonho, a Civilização, a Crise ou a Austeridade, são todas mote e matéria-prima para representações ora confusas, ora cristalinas, em técnicas como o acrílico sobre tela, óleo sobre madeira ou giz e pastel sobre papel.

Mais do que uma proposta estética, são um postulado ético, sobre a nossa comum e humana liberdade, arbítrio e responsabilidade.

Se pudessem ser interpretadas como hino, seriam um manifesto potente e gutural sobre a Ágape, Empatia e Tolerância dos Homens, na escala do Homem, aqui excecionalmente, e porque a vida é doce, rodeados de sedutores e deliciosos cup cakes.


Se queres saber mais sobre o evento visita:


Salvator Mundi



Salvator Mundi é o nome dado originalmente a uma emblemática pintura de Cristo como “Salvador do Mundo”, que foi recentemente atribuída a Leonardo da Vinci.

Inspirado por esta descoberta e no contexto do trabalho que faço como ilustrador ao serviço da Fundação Salesianos decidi empreender uma pequena homenagem aos dois Mestres: o do Amor – Jesus Cristo; e o da Pintura – Leonardo.

Pintei esta peça-tributo com ampla liberdade interpretativa e simbólica em relação à obra que a inspira, mas fiz um esforço sério para fazer corresponder a composição iconográfica à métrica da imagem patente no Sudário de Turim.


Sobre o Sudário de Turim, também conhecido como Santo Sudário, importa saber que  é uma peça de linho que mostra a imagem de um homem que aparentemente sofreu traumatismos físicos de maneira consistente com a crucificação. O Sudário está guardado na  Catedral de Turim, na Itália, desde o século XIV. Pertenceu desde 1357 à casa de Saboia que em 1983 o doou ao  Vaticano. A peça é raramente exibida em público, a última exposição foi no ano 2010 quando atraiu mais de 50 mil fiéis.

O Sudário é um dos acheiropoieta (grego bizantino: "não feito pelas mãos") e vários cristãos acreditam que seja o tecido que cobriu o corpo de Jesus Cristo após sua morte. A imagem no manto é na realidade muito mais nítida na impressão branca e negra do negativo fotográfico que na sua coloração natural. A imagem do negativo fotográfico do manto foi vista pela primeira vez na noite de 28 de maio de 1898 através da chapa inversa feita pelo fotógrafo amador Secondo Pia que recebeu a permissão para fotografá-lo durante a sua exibição na Catedral de Turim.

A origem da peça tem sido objeto de grande polémica, porém existe consenso sobre pelo menos sete aspetos:
  • 1.       Havia sangue humano no sudário;
  • 2.       As gotículas de tinta ocre notadas na relíquia seriam resultado de contaminação;
  • 3.       A habilidade e equipamentos necessários para gerar uma falsificação daquela natureza seriam incompatíveis com o período da Idade Média, época em que o sudário apareceu e foi guardado;
  • 4.       As marcas do Sudário são um duplo negativo fotográfico do corpo inteiro de um homem. Existe a imagem de frente e de dorso;
  • 5.       A figura do Sudário, ao contrário de outras figuras bidimensionais testadas até então, contém dados tridimensionais;
  • 6.       Não existe ainda explicação científica de como as imagens do Sudário foram feitas;
  • 7.       O Sudário apresenta marcas compatíveis com a descrição da crucificação nos Evangelhos.



A obra que compus não reclama naturalmente a pretensão da “Vera Icona” (verdadeira imagem) de Jesus, mas nele procuro representar Cristo no seu Carisma e Universalidade que senti representada na obra de Leonardo.

Sobre esta obra executada pelas mãos de Leonardo importa também saber que apesar de conhecida e dada como perdida, foi recentemente redescoberta, restaurada, autenticada e exibida no ano de 2011.

A pintura mostra Cristo, em trajes renascentistas, a dar uma bênção com a mão direita levantada e dedos cruzados, e a segurar uma esfera de cristal na mão esquerda.

Este sinal da mão direita tem fundamento na história da Igreja Cristã. O sinal é encontrado nos mais antigos exemplos do “Pantocrator”, ícone atribuído à figura do Cristo-Deus, como aquele que domina todas as coisas, sejam elas terrestres ou celestes. A palavra “Pantocrator” deriva do grego e significa “aquele que tudo governa”, “todo-poderoso”, “omnipotente”.

Esta mão direita de Cristo, que desponta sob o seu manto, está erguida fazendo o gesto de bênção «à maneira grega» em que o posicionamento dos dedos forma, em sinal, as letras IC XC que representam “Jesus Cristo” em grego.

Leonardo da Vinci pintou a obra, em França, por encomenda de Luís XII entre 1506 e 1513 e o trabalho foi recentemente autenticado, reconstituindo-se o circuito de posse da obra desde Charles I da Inglaterra que a tinha registada na sua coleção de arte em 1649, até ser leiloada pelo filho do Duque de Buckingham e Normanby em 1763. Foi posteriormente comprada por um colecionador britânico, Francis Cook, visconde de Monserrate, altura em que a pintura foi danificada em tentativas de restauração. Os descendentes de Cook venderam a peça em leilão em 1958 e em 2005, a pintura foi adquirida por um consórcio de negociantes de arte que incluía Robert Simon, especialista em antigos mestres. No início a obra também foi fortemente contestada por parecer uma cópia, descrita como "um naufrágio, escuro e sombrio" mas após o restauro foi autenticada como uma pintura de Leonardo e exibida pela National Gallery de Londres durante a exposição “Leonardo da Vinci: pintor na Corte de Milão” entre 9 de novembro de 2011 e 5 de Fevereiro de 2012.

Em 2013, a pintura foi vendida ao colecionador russo Dmitry Rybolovlev por 58,2 milhões de euros.



Este meu Salvatore Mundi é, contudo, um tributo simples, humilde, mas bem-intencionado ao apelo que a Vida, Mensagem, Morte e Ressurreição de Cristo inspira em mim e nas pessoas que conheço, assim como na genialidade da obra de Leonardo da Vinci que continua a insuflar de fascínio a minha imaginação e criatividade.

Esta recensão, que tem a mesma data da assinatura do quadro, serve para partilhar com o leitor/ espectador o percurso das minhas pesquisas e reflexões que nortearam o processo criativo até à imagem e objeto estético que hoje dou como finalizado.

Nuno Quaresma
14 de Outubro de 2015


Fontes:

The Shroud Of Turin and The 3D Face of Jesus Christ:
BBC Shroud of Turin New Evidences: